SPFW Nº55: Uma Perspectiva Crítica.
- Wagner Goncalves
- 10 de jul. de 2023
- 2 min de leitura
Atualizado: 13 de out. de 2024
Imagens: Jü Oggiam
Ao adentrar os portões da aguardada SPFW (São Paulo Fashion Week), edição 2023, meu olhar foi imediatamente atraído por uma atmosfera de estreias e promessas. Era evidente que algumas marcas haviam ousado e se destacado pela inovação, trazendo propostas que nos instigavam e nos levavam a imaginar novas possibilidades. No entanto, também foi notório que outras marcas pareciam presas em um ciclo monótono, incapazes de trazer qualquer elemento novo para o universo da moda. Era como se estivessem percorrendo um caminho já conhecido, sem surpreender ou estimular nossa imaginação. Diferentes etnias, corpos e identidades de gênero ocuparam a passarela, trazendo uma representatividade essencial para a moda contemporânea. Foi gratificante ver a inclusão e o reconhecimento da pluralidade da beleza humana. No entanto, mesmo com a diversidade presente, percebi uma ausência preocupante: a falta de um verdadeiro catwalk impactante. Em meio à enxurrada de influenciadores digitais desfilando, foi perceptível a falta de habilidade e experiência na passarela. Muitos deles pareciam mais preocupados em registrar o momento para as redes sociais do que em transmitir a essência das criações. Essa sobrevalorização da popularidade instantânea em detrimento do talento e da técnica prejudicou o espetáculo num todo. Faltou o brilho nos olhos e a confiança nas pisadas firmes, características marcantes dos modelos experientes. Além disso, deparei-me com algumas peças inacabadas e um preocupante desleixo em relação aos detalhes. O capricho, elemento fundamental para valorizar o trabalho artesanal e a dedicação dos estilistas, parece ter sido relegado a segundo plano.
Imagens: Zé Takahashi
Em meio à busca frenética por atenção e destaque, algumas marcas perderam a oportunidade de entregar um trabalho refinado e consistente. O foco exagerado na chamatividade acabou prejudicando a qualidade das criações e minando a essência da moda como expressão artística. Apesar dos desafios encontrados, é importante reconhecer as marcas que se destacaram positivamente nesse evento. Aquelas que abraçaram a inovação e apresentaram coleções que nos envolveram e emocionaram. Entre elas estão: Santa Resistência, Lino Villaventura, The Paradise, Thear, Maurício Duarte, Dendezeiro, Meninos Rei, Apartamento 03, João Pimenta e Rafael Caetano. Posso dizer que todas se mostraram como verdadeiros destaques, cativando o público com suas criações ousadas e surpreendentes. Foi uma experiência revigorante testemunhar a excelência e a originalidade dessas marcas, que nos transportaram para um mundo de encanto e emoções. Elas nos mostraram que é possível romper com os padrões estabelecidos, explorar novos caminhos e trazer uma visão autêntica para a moda. São essas marcas que renovam nossa espeança e

nos fazem acreditar na capacidade transformadora do universo fashion.
Em síntese, a SPFW 2023 foi um evento repleto de reflexões e contrastes. Entre as estreias surpreendentes e as marcas estagnadas, entre a diversidade celebrada e a falta de expertise nas passarelas, pudemos perceber a complexidade e os desafios que permeiam o mundo da moda. Que a próxima edição seja marcada por uma sinergia entre inovação e excelência, valorizando a autenticidade e o cuidado com os detalhes. A moda tem o poder de encantar e inspirar, e é através da crítica construtiva que poderemos evoluir e criar um futuro mais brilhante para essa indústria apaixonante.
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